BOHM, David. Sobre a criatividade. São Paulo: Ed. Unesp, 2011.
Sobre a criatividade
[...] não é meramente a nova
experiência de trabalhas com algo diferente e fora do comum que o cientista
quer – isso seria um pouco mais que outro tipo de paixão. Mais que isso, o que ele realmente est. á procurando é
aprender algo novo que tenha algum tipo de importância fundamental: algo, até
então, de legalidade desconhecida na ordem da natureza e que demonstre unidade em uma ampla série de fenômenos.
Ele deseja encontrar na realidade em que vive certa unidade e totalidade, ou
integridade, constituindo um tipo de harmonia que pode ser considerada bela.
Basicamente, nesse sentido, o cientista talvez não seja diferente do artista,
do arquiteto, do compositor e de outros, pois todos querem criar esse tipo de
padrão em seu trabalho. P. 2
[...] podemos ver que o artista,
o compositor, o arquiteto e o cientista têm, todos, a necessidade de descobrir
e criar algo inteiro e completo, belo e harmonioso. Poucos têm a oportunidade
de fazê-lo, e um número ainda menor o consegue. Ainda assim, lá no fundo, é o
que um grande número de pessoas em todas as esferas da vida busca quando tenta
escapar da monótona rotina diária ao se ocupar com vários tipos de
entretenimento, atividades que entusiasmam e estimulam, trabalhos novos, entre
outros, e é com isso que procuram, sem sucesso, compensar a insatisfação, a
limitação e a mecanicidade de sua vida. P. 3
A ARTE DE PERCEBER O MOVIMENTO
Ele investiga o funcionamento da
linguagem e do pensamento (71)
Tais aspectos supostamente
fragmentários do esforço humano, como as artes e as ciências, têm raiz na ideia
de sociedade como conjunto de nações, etnias ou grupos religiosos e políticos
existentes separadamente. No entanto, tudo está intimamente relacionado e é
interdependente como aspecto de uma totalidade que, no final, se une coma
totalidade da existência. A ideia de que tudo é independente ocasionou uma
série ininterrupta de crises ao longo do tempo, que atualmente se acentuou
ainda mais.
Assim, em virtude d uma forma
geralmente fragmentária da percepção, experiência e atuação, o mundo apresenta
com problemas de superpopulação, exausto de recursos naturais, poluição ambiental
e interferência no equilíbrio ecológico. 72
Consideremos, por exemplo, a
questão do estabelecimento de um equilíbrio ecológico apropriado. Isso exige
que o mundo inteiro, com toda a atividade humana, seja considerado uma unidade
integral e contínua. 72
Sobre a realidade do pensamento
73
A natureza pode ser considerada
como aquela que toma forma por si mesma, e a atividade humana leva à criação de
artefatos formados pela participação humana no processo natural, comandada e
guiada pelo pensamento. 74
Sobre a fragmentação entre
conteúdo do pensamento e sua função. 75
Como exemplo, pensemos em uma
mesa. Ela pode ser vista como suporte para papel ou obstáculo no meio do
caminho. Cada forma de pensamento leva o indivíduo a ver a mesa de uma maneira
diferente, chamando a atenção para os diferentes aspectos e dando origem, assim,
a diferentes motivações quanto ao que fazer com relação à mesa (se escrever
sobre ela ou removê-la). Assim,
enfatizamos que o pensamento e as percepções que guiam a ação, juntamente com
os sentimentos e os desejos que constituem a motivação, são aspectos
inseparáveis de um movimento completo, e tentar considerá-los separadamente é
um modo de fragmentação entre o conteúdo do pensamento e de sua função geral. 76
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