domingo, 23 de setembro de 2018

BOHM, David. Sobre a criatividade. São Paulo: Ed. Unesp, 2011.



BOHM, David. Sobre a criatividade. São Paulo: Ed. Unesp, 2011.


Sobre a criatividade

[...] não é meramente a nova experiência de trabalhas com algo diferente e fora do comum que o cientista quer – isso seria um pouco mais que outro tipo de paixão. Mais que isso, o que ele realmente est. á procurando é aprender algo novo que tenha algum tipo de importância fundamental: algo, até então, de legalidade desconhecida na ordem da natureza e que demonstre unidade em uma ampla série de fenômenos. Ele deseja encontrar na realidade em que vive certa unidade e totalidade, ou integridade, constituindo um tipo de harmonia que pode ser considerada bela. Basicamente, nesse sentido, o cientista talvez não seja diferente do artista, do arquiteto, do compositor e de outros, pois todos querem criar esse tipo de padrão em seu trabalho. P. 2

[...] podemos ver que o artista, o compositor, o arquiteto e o cientista têm, todos, a necessidade de descobrir e criar algo inteiro e completo, belo e harmonioso. Poucos têm a oportunidade de fazê-lo, e um número ainda menor o consegue. Ainda assim, lá no fundo, é o que um grande número de pessoas em todas as esferas da vida busca quando tenta escapar da monótona rotina diária ao se ocupar com vários tipos de entretenimento, atividades que entusiasmam e estimulam, trabalhos novos, entre outros, e é com isso que procuram, sem sucesso, compensar a insatisfação, a limitação e a mecanicidade de sua vida. P. 3


A ARTE DE PERCEBER O MOVIMENTO

Ele investiga o funcionamento da linguagem e do pensamento (71)

Tais aspectos supostamente fragmentários do esforço humano, como as artes e as ciências, têm raiz na ideia de sociedade como conjunto de nações, etnias ou grupos religiosos e políticos existentes separadamente. No entanto, tudo está intimamente relacionado e é interdependente como aspecto de uma totalidade que, no final, se une coma totalidade da existência. A ideia de que tudo é independente ocasionou uma série ininterrupta de crises ao longo do tempo, que atualmente se acentuou ainda mais.

Assim, em virtude d uma forma geralmente fragmentária da percepção, experiência e atuação, o mundo apresenta com problemas de superpopulação, exausto de recursos naturais, poluição ambiental e interferência no equilíbrio ecológico. 72
Consideremos, por exemplo, a questão do estabelecimento de um equilíbrio ecológico apropriado. Isso exige que o mundo inteiro, com toda a atividade humana, seja considerado uma unidade integral e contínua. 72

Sobre a realidade do pensamento 73

A natureza pode ser considerada como aquela que toma forma por si mesma, e a atividade humana leva à criação de artefatos formados pela participação humana no processo natural, comandada e guiada pelo pensamento. 74

Sobre a fragmentação entre conteúdo do pensamento e sua função. 75

Como exemplo, pensemos em uma mesa. Ela pode ser vista como suporte para papel ou obstáculo no meio do caminho. Cada forma de pensamento leva o indivíduo a ver a mesa de uma maneira diferente, chamando a atenção para os diferentes aspectos e dando origem, assim, a diferentes motivações quanto ao que fazer com relação à mesa (se escrever sobre ela ou removê-la). Assim, enfatizamos que o pensamento e as percepções que guiam a ação, juntamente com os sentimentos e os desejos que constituem a motivação, são aspectos inseparáveis de um movimento completo, e tentar considerá-los separadamente é um modo de fragmentação entre o conteúdo do pensamento e de sua função geral. 76


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